sábado, 5 de março de 2016

Jardinagem

O que prende o chão sob os pés,
se não o peso da condição trágica
e os olhos que não veem a direção sedimentada
Jovens de sonhos perenes no dorso
e cansado de ter o pouco retorno
Parabéns ao tempo arrogante
chantagens são damas de copas 
e o jogo não se joga
Cascalho vem das perdas e ladrilham o caminho
Serene e complacente em vias de mão dupla
Contando uma a um os vãos que brotam mato
Erva daninha dos teus dias
Terra fútil e fértil
São torcidos por dentro a expor o inevitável
já não é questão de aceitar
Prepare o que virá como quem rega o que não nasce
verá brotar o que  deseja para podar antes que viva
Aqueles pássaros levarão as sementes para longe
E farão crescer o jardim que insiste em desdenhar
e as flores buscarão um sol para girar.