quinta-feira, 28 de junho de 2018

Medo real

Olhar para lente fria
A tela oleosa de meus dedos
Entrada para o infinito domado
Calei de todos os dias
Sucumbi ao médio farsante
Própria vontade se foi na baliza
Encaro meu terço de novo comido
Tonto marasmo suspiro da falha
E nele cai sem limites contrário
Sair dessa vida por baixo da porta
Desde dele engolir meu trabalho diário
Se não sair deste domínio acabarei na sarjeta.

terça-feira, 26 de junho de 2018

Prévia

O mundo é um pouco trágico
Com os olhos de quem vê o céu
Não sonho mais com eles
Também não sofro em me prender
Calmo venho em seu perdão
Ao mesmo tempo enriquecer
Flores falhas na estante
Um pouco cedo pra fingir
Mas contudo não há glória
Nem sabor de agonia
Passo o ponto do desânimo
Enfrento cego a tirania
Em teu solo o plumo fétido
Me enterra a força em sua ira.

Prece

O que fazemos com o tempo perdido,
Com as cartas ruidas e os goles de vinho
Não somos crianças, talvez nem adultos
Uma busca sensata, sem fim do orgulho
O soar do tempo, cansa a pele de carneiro
O calor dos dias faz suar meus sentimentos
Não quis me incomodar, disse ela sem pensar
Contenha-se a falar, sentir o próprio veneno
As vezes o dono sóbrio nem nos causa julgamento
E fostes por entre os dedos ao soprar da minha luta
Acordar, acordar, despertar do seu escuro
Firmar o meio como parte no caminho mais seguro
Antes abade hoje surdo
Preces feridas na maré do dia
Que leve o meu mal e nos traga alegria
Se afogue com classe e para sempre descanse.

sábado, 23 de junho de 2018

Inverdade

No profundo de novo
Então vemos os pontos
A parte que fala, pelos berros da alma
Sombra evoluindo em propósito próprio
Como formar o que não tem por dentro
E foi como sempre, nem menos presente
Já entrei ontem mesmo
E cobri as sementes
Mas ganho em fartura
Se sigo o afluente.
Ou afundo na margem
Ou me amarro as correntes
Cala-te mente, desde então tu só mente.

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Soneto das Mentiras

Uma busca breve em planos
Calmo vejo o que se perde
Nem de longe chego perto
Da minha paz que em se excede

Tronco seco em poucos dias
Preso em casa na sua cama
Sem controle pra amargura
Forte abraço dessa dama

Jogo ganho com trapaças
Carma intacto em minha mala
E volta ela e me abraça

Até que o amanhã um dia suma
Ele virá por conta própria
Pois minha força já é nula.

terça-feira, 19 de junho de 2018

Prisão Perpetua

Carcere de mal gosto esse em que me prendo
grades que construo dia a dia, do mais solido rancor
indestrutível e intranspassável
Te olho de dentro , te invejo por tudo
Pela vida melódica, sorrisos fartos e flores pela manha
Um trago a mais não faz mal se o pulmão já morreu
O canto das gralhas me esperam lá fora
O velório das cores, a ponte para o fim
Disse outro dia que era melhor ir de vez
O castigo é punição, as memórias a tortura
Uma parte merece, a outra se redime
Clama por piedade, do jure a sentença 
só há uma saída
e os anos se arrastam
as horas já nem contam 
Clamo por pena, quem ouve nem liga
A força que sobra é a resistência da luta
o caminho pra fuga
as feridas que não curam
o sentido que não vem
Talvez nem venha
talvez já matei
A prisão do corpo que segue frechado
pra alma que insiste em ser livre
e pra dor que se nega cessar 
o alivio que vem de forma clandestina
acrescenta mais anos a perpetua prisão
que eu chamo de vida.

sexta-feira, 8 de junho de 2018

Já que ele vem


O cronômetro seguiu meu receio
Parou, zerou e teve seu fim
O erro não veio
O som quis assim
Ai de mim, então fui 
Resisti, mas será que terei
Uma hora ainda mais
Por não ser o que é
Não fundou se a qualquer
Então congelou o seus pés
Calma amigo de antes,
Ainda terei o que quer
Mas não hoje, não agora
Quem sabe amanhã 
Ou quando ele vier.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

Trecho Gélido

Vazio, colapso em si
Em todos os vagos alheios
Um sonho que antes vinha a mim
Que bom quem sabe temer
Cordial de caso querer
Um fogo que arde sem ver
E apaga nós pés do fracasso
Entoa meu hino na aurora
E te cala por fim sem vencer.