terça-feira, 19 de junho de 2018

Prisão Perpetua

Carcere de mal gosto esse em que me prendo
grades que construo dia a dia, do mais solido rancor
indestrutível e intranspassável
Te olho de dentro , te invejo por tudo
Pela vida melódica, sorrisos fartos e flores pela manha
Um trago a mais não faz mal se o pulmão já morreu
O canto das gralhas me esperam lá fora
O velório das cores, a ponte para o fim
Disse outro dia que era melhor ir de vez
O castigo é punição, as memórias a tortura
Uma parte merece, a outra se redime
Clama por piedade, do jure a sentença 
só há uma saída
e os anos se arrastam
as horas já nem contam 
Clamo por pena, quem ouve nem liga
A força que sobra é a resistência da luta
o caminho pra fuga
as feridas que não curam
o sentido que não vem
Talvez nem venha
talvez já matei
A prisão do corpo que segue frechado
pra alma que insiste em ser livre
e pra dor que se nega cessar 
o alivio que vem de forma clandestina
acrescenta mais anos a perpetua prisão
que eu chamo de vida.

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