quarta-feira, 25 de abril de 2018

Minha amiga

A questão é que,
De todos que vão
O que fica acompanha
Faz presente entre as unhas
Faz morada na carne
Sendo pra que eleve a alma
Ou danifique a cerne
Fortemente dentro a gente vai indo
Sentindo, amargando o belo
A dor me agrada me faz em casa
De tanto sangrar retalho em caldas
Fostes amado por seu teto
Suas falhas um pouco sexy
Mata o dorso da fagulha
E fura a hora em seus dedos
Faz de mim um nada
Sem vontade de existência
Onde o carma é companhia
E sofrer minha alegria.

terça-feira, 24 de abril de 2018

Quase

Eu poderia não vir
Não estar aqui
Por um segundo não quis
Relutante olhei as sombras
Cantavam sobre a paz que vem depois
Eu quase ouvi
Vi as luzes se torcendo e chamando por mim
O escuro e seus anexos estão lá
Mas resisti, por pouco não estava aqui
A paz que a ideia trouxe
O calor que que fim provoca
O silêncio que nunca cala
Minha alma respondia aos berros
Meu corpo ainda temia
Mas por pouco pegava o trem
A estação parou ali
A passagem na cabeceira
E logo teria ido, partido, morrido
Aliviado a dor
Esfriado o corpo
Ninguém saberia
Enfim mais um dia
A mesma rotina
E ainda estou aqui
Mas por pouco, muito pouco
Poderia não vir.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Reforma

Uma casa que não tem portas
Sua entrada fica nula
O caminho é de costas
O histórico é confuso
Nada pode ser feito hoje
O senhor das chaves trouxe
Mas em breve entraremos juntos
Corra, entre e me encontre no quadro
Parede não tinta
O sofá tem mil buracos
Já cai dentro da pia
Já escorri minha alma no ralo
Terei que quebrar desde o piso ao forro
Nada presta, nem seu dono
Mas de certo ainda se salva
As mãos que ainda a farão de novo.

domingo, 15 de abril de 2018

Felicidade

Eu não te encontrei,
Não procurei talvez
Não me importei.
Te quis enfim, caçei
Em mim não te achei
Nas esquinas quem sabe
No entanto me enganei
Apenas dor e rigidez
Antes fosse uma por vez
Quis dizer que desinteresei
sorrir além mês após mês
Sem tréguas ao fingimento .
Cansei
Venha a mim se ainda existe
Te que quero por dizer
Necessito mais que nunca
De você para viver.

sábado, 14 de abril de 2018

Despedida

Sentir, sentirei.
As dores que eu mesmo plantei
Me avise para que possa moldar
O caminho que não devo seguir.
Dentre minhas poesias
Das feridas que eu já tinha
A carne sempre a vista
Hino da minha vida
Terei de conviver com as mentiras
com traumas e margaridas
Fogo baixo e mãos pra cima
Até o ponto da partida
Calma, calma disse a gente
Todos eles, mal sabiam
Que eu torturava a voz do dia
Esganava a alegria
Sem merecer nada daquilo
Se despediu da própria história
Calou seus versos com amônia
E foi feliz como queria.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Auto avaliação

Eu gosto do distúrbio
Do vívido orgulho que assombram velhos medos,
Da coroa que tenho no meu guarda roupa
E da dor que já causei
Eu te avisei, não sei fingir
O acaso me fez pensar
Correr as vezes faz bem
Se tremer ainda me lembro
Ou sorrir ainda me falta
Me caso em segredo
E sufoco os que torcem
No reflexo o meu carma
No sonho a calma
O histórico da conversa
Nós julga por isso
Entendi que não cabe nos forno aquecido
A memória crua que já morta fedia
Da lei que proíbe que eu possa fazer
E dos danos já dados por esse prazer
Agradeço a atenção e dispenso o perdão
Que o mundo é um alvo
E meus olhos um tiro.

Convívio

O que seria de nós
Quando o que é não nos basta
O que me trás ao agora
E diante do exposto solícita meu óbito
Mais que a mim, meu desejo
Intenção e desconto
Um nublado convincente
Ao meu lado e ao meu encontro
Solitário entre as grades
Onde afasto os convidados
Carma esse que me enquadro
No meu quarto o meu agrado
Só por hoje é meu e pronto
Caio e sigo ainda intacto
Não te conto dos temores
Mas te mostro o cadáver.

sexta-feira, 6 de abril de 2018

Querida

Querida não volta, se isola
Não tem hora e não agora
Pois aqui ela não mora.
Se foi, partiu, comeu poeira
Sorriu e disse que não queria saber de mim
Cantou outros versinhos
E teve caminhos que não segui
Não fui
Não eu
Não mais
Há de querer sempre além
Não vem
Não mais
Apenas se for pra passar
Não fique
Não mais
É por isso
É por tudo
O valor das perdas
Das dores
Da cera
Derretendo sem fim
Além de mim.
Corra, se esconda
Ainda tem tempo pra ir
Mas não venha
Não fique
Não mesmo
Não mais.

quarta-feira, 4 de abril de 2018

Vida

Sobreviver como todos
Enterrar o prazer
Correr, fugir e se afogar
Dias no topo, copos quebrados
Eis que me corto
Ainda sangro.
Muito menos que antes
Amor em instantes
Perdido no caps
Sobre tudo o sufoco
O calar da memória
E sofrer por temer
Cansei de tentar
Só espero perecer
Sem calor nem sentir
Um fim sem sorrir.