Correntes

O clima dos dias nos trás a memória

O sono que falta pra completar

Meus dedos que chegam a congelar

Nem ontem quando sofria era assim

Passou como outro carro azul

E nada me fez perder

Não mais, não novamente

Um bocado de tantas partes 

Uma bala sem açúcar

Ainda pensei em querer 

Ou mesmo realizar o desejo antigo

Sorriso perdido e encontrado 

Era meu peso diário

O dia perdido

A calma abalada

Nem tanto quanto

Ou mesmo e apesar

Cai dormindo

Acordei amarrado

De dentro pra fora

E de hoje pra sempre

Bossa velha

Quando eu chegar já não serei eu

Não o de agora, mas o que se tornou

O caminho por si já me mudou 

Os passos que dei, nas folhas que pisei

Um pouco confuso, muito obrigado

Não era a intenção a bagunça

Outro dia concerto e me desespero 

Não o de agora, mas o que virá

Me acho sortudo apesar de tentar 

Nunca é aleatório insistir 

Melhor não contar

Antes disso não era eu

Não o de agora, mas quem se perdeu

Preciso sorrir todo dia pra ser

Quem sabe o de agora,

Ou outro de vez.

Tortura Diária

Imagine que tudo se mistura 

Como quando o vento bate 

Quando a poeira sobe

A fumaça cai em mim

Uma tortura de pensar

Onde o pensamento sofre

As consequências imediatas

O poder de se escolher

A todo momento o futuro

O que temos além de nada

Armaduras que não servem 

Pesos que não ajudam 

Sonhos que nos ocorre

Um fim tão justo e nobre

Mas entendo que não é

Parte certa, parte errada

É tudo um e eu sou todos

E ainda sim levanto cedo

Olho acima e pra cima

O dia nasce igual a mim

E talvez não veja a lua vir