sexta-feira, 31 de julho de 2020

apenas

Como naquelas corridas
Assim que ficamos na margem
Um anão tentando alcançar
Um pedreiro na construção
Uma via que ninguém frequenta
Um sonho que todos temem
A flor que não plantei
A força que não tenho
E a felicidade que não busquei
Um plano sem fim
Uma forma de bolo
Que nem sei a receita
Um tolo na névoa
Uma mosca na sopa
Teu verdadeiro amor
A mentira perfeia
A dor verdadeira
A morte real
Não venha retrucar 
Eu não ouço vocês
Me adore até o fim
Mas me deixe por aí.
Sem fim nem meio
Apenas memória

terça-feira, 28 de julho de 2020

unilateral

Nós ainda estamos aqui
Quem foi já ficou por muito tempo
Não consigo admitir certos pontos 
Eu vi que era o queríamos 
Nas olhar na parede suja
Os desenhos refletiam nossa dor
O caso encerrado por pontes de pedra
Erguida com dores moídas
Em nome de algo que nunca será
O termo certo pra uma desculpa
Antes de ontem ainda era cedo
Meu suor nem é mais por isso
O circo das coisas que fomos
O projeto inacabado de três partes
A morte prematura da força
E o amor unilateral permanece

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Fogão

Eu vivi sete vidas pra estar aqui
Não dormi quando deveria
Nem sorri quando te vi
Eu passei por onde estaria
Fiz de tudo pra qualquer um
Mas no meu caso era outro
Nem que parasse com tudo
Ainda que nascesse de novo
Ainda seria, ainda sim tu veria
Parte de quem nunca reconheci
Um cara engomado, um fantoche
Nada foi mais que uma história sem fim
Corando por nada e morrendo por ti
Será que você ainda lembra de mim?
Um pouco de mais pra tentar desistir
Um sonho errado que insisto em fingir
Na cama e na lama foi nosso desafio
Mas aqui fico a esperar por verdade
A mesma que nunca tinha falado
Se quando eu pedi, eu pedi por favor
Desejos mal feitos que trazem amor
E junto contigo o pior dissabor
E mesmo ciente não pude driblar
O fogo que esquenta as vezes te queima
E o pedido inocente se torna uma chama
Que fere a pele e arde na cama.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Em casa

A ideia meio que entra pela janela
Um realce no meu brando comum
Só outro tijolo na mansão
Num desses eu acabo a obra
Antes agora que preciso mais
Porém não decorei
Santo seria aquele dia
Nas costas dele a intenção
Sei que não vê, que o campo é largo
As de antes me ignoram
E de agora nem me servem
Fui criado pra perder
Outro incômodo a se esquecer 
No momento exato é a ruína 
A mesma mão que te falei
Corta teu trauma em linhas retas
E se segura até depois
Não há quem julgue necessário
O findar da caminhada mal andada
Desistida por preguiça retraída
Como se fosse possível a retomada
Sem sair da sua sala.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Reprise

O desafio é ser claro, objetivo e desafiador
Caindo pelas beiras do seu ego
Afligir novamente e outra vez
Não sei quem vê ou mesmo lê
Queria eu ser como um ateu
Mas sou fiel em acreditar
Em por várias vezes não confiar
Nem mentir pra justificar
Mesmo quando eu não vejo
Manchando o fino branco
Por veias nem tão nobres
Antes de ser um só
Ser apenas completo
No meio da noite
Apenas era, mesmo que não
Me sonda em teu sonho
E foge pela manhã
Não sou alicerce pra tua vida
Nem no chão me prendi
Pra não viver em vão
No mesmo lugar de antes
Ou em lugar nenhum...

Espaço

Queria ser eu
Quem sorri por favor
O que não vê
Apenas mais um
Somente o ideal
Cair do mesmo lado 
Dia após dia
Mas não
Me fiz contrário 
Me ergui na dor
Sonhei por eras
Catei o milho
Sorri por hábito
Amei por amar
Mas não fui
Não deu
Tropeço no ritual
Te mando a foto igual
Mas sinto diferente
Compro a ideia
Mas sigo a regra
Nem tem tempo
Mas não discuto 
E sigo só
Por falta de olhos 
Que olham o vago
Que exite no vão
Entre o eu e o você.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Chegada

Me fale sobre o que você sente
Das coisas que ninguém vai saber
Conceitos de brisas não tão boas
As vezes em que fomos descobertos
Sonhos tão sem graça
Vidas meio em chamas
E flores que não murcham 
Sobre nossa sombra meio tênue
As mesas que sentamos
Cadeiras meio tortas
Então tá lá. O que esconde
O que sobra na minha cama
O mérito subjetivo
Que não é prometido
Mas chega na madruga
Come o que sobrou
Morde minha carne
Fere o ferido derrotado
Fonte da mania retrucada
Então que nem me digo
Sobre isso ou aquilo
Mato meu desejo fraturado
Sirvo meu desejo na bandeja
Use e se garanta por si só
Morra aos poucos a memória
Crie a maioria das feridas
Cure apenas as mentiras
Mas esqueça da vitória