domingo, 31 de março de 2019

Oco

Cai o véu da mentira
Sobre o céu tão sem brilho
O forte já nem se anuncia
A casa ainda está vazia
Foi forte como prazo de vida
Surgiu das montanhas o preço a cobrar
Vim de longe até hj pra sempre ficar
Sonho mais do que poderia realizar
Caio em prantos toda noite a chorar
Cadê a parte que falta colocar
Sou eu ou nem sei procurar
Como casca de fruta sem descascar
Voando no aguardo de algo chegar
Querendo um futuro sem ao menos lutar
Fogo de palha ou somente você
Onde andará quem já vim a amar
Sigo relendo o que deixou no ar
E durmo sonhando com seu regressar
Mas quem, mas de qual
Já não sei responder
Foram feitas de folhas
Que o vento levou
De um árvore oca
Que jamais amou
Ou sim, não se sabe por onde andou
Coração é covarde
Que a vida secou.

quarta-feira, 27 de março de 2019

Ecoa

O vazio, o ecoar do nada
Parte de mim que sobrou
O que foi já não basta
Prende e tortura o que ficou
Existe um ponte que leva ao ego
Quebrada já não leva a nada
Você foi, já não é
Quem diria a estrada
Apenas ficaram a fachada
O oco de um dia feliz
A carcaça
Fomos até onde deu
Caímos onde se perdeu
Tudo que sonhamos morreu
Assim como antes, e antes
As tentativas cessaram
A força acabou
Assim como a dor que ficou
O buraco que deixou
O vazio novamente voltou

quinta-feira, 21 de março de 2019

Chegada

O sol vem chegando
Afastando de mim as trevas
O que corrói a alma
O que fere o corpo
Me vejo e partes
Cada uma em um canto
Verdades e mentiras
Candensadas em mim
Sou sombra e luz
Aconchego e calor
Força e fraqueza
Uma amor e uma dor
Uma bagunça
Faço questão de tentar
Unir o que se perde na névoa
Colher o que nasce na superfície
E sobreviver com o que sou
Acalanto e desgraça
Falta e frequência
Duas de um
O que ser quando se é
Quando se pode tudo
E tudo se é
Focar na questão não move a razão
Mas faço questão de ficar e tentar
Eis que me jogo no processo
E fico aguardando a resposta
Sou parte de algo que nem sei
Ninguém sabe, nem saberá
Fixo olhar no espelho
E sei que me vejo falhar
Mas quando tento acessar
Eu sei que vou ganhar
Não se sabe onde irá chegar
Chegando te digo o que há.

Dormir

A liberdade veio como presente
A virada de um ciclo
Chegamos a beira do abismo
E voltamos?
Não, nos jogamos
E sem saber foi hora de voar
Flor que cresceu na adversidade
Amargo suor que escorria
Escolhas feitas por consequência
Era o necessário
Nem cheguei a cair
Mas a sensação foi de morte
E agora a esperança brota
A vida germina em tudo
E a própria razão se expõe
Na glória de uma vergonha
Na discórdia de um ano
O tempo voltou a girar
E o carma me aliviou
Fico em pé frete a tudo
E espero pelo amanhã
Com sonhos que nasceram na noite de ontem.

quarta-feira, 20 de março de 2019

Casa

Vagamente nos perdemos em casa
Em busca de algo que não estava
Esperar por coisas e fatos sem graça
Viver na espera de um gole de cachaça

Tropeço no erro e o vejo novo
Me dói novamente, me coloca no jogo
Encontre algo, quem sabe uma limpeza
No chão limpo se vê com clareza

A dor vai ficar se manter a sujeira
O caos não some se corroe a poeira
Apenas em seu lugar tudo se encaixa
Não fará esquecer ainda resta a mancha

Se encontre no espelho e veja a verdade
O equilíbrio é possível quando vive a realidade
Aceite o reflexo mesmo manchado
Somente assim terá se encontrado.

terça-feira, 19 de março de 2019

Eu e o Mundo

O ser, parte de tudo
O que nos completa
A existência interna
O pavor em si mesmo
A calma que consome o âmago
O que existe por dentro
O que somos
Até onde vai o "eu"
O meu, o seu
Cadê o dele?
Então, se perdem
Se perguntem
O favor que se faz
Onde se encaixa o que é ?
O que me pertence ?
O fato verídico
A mais pura realidade de nós
Se questione!
Se torture!
Se culpe!
Ou se preferir,
Não.
Se ame
E se deixe partir
Se acalme...
E deixe a pergunta calar
Ou deixe apenas pra lá
A confusão é apenas você,
O resto apenas o mundo.

segunda-feira, 18 de março de 2019

Amor

Sabes do amor?
Daquele que cura tudo
Que ultrapassa o tempo
Encurta distâncias
Perdoa o erro
Que está lá
Até mesmo quando você não está
Que vai, apenas, te segue, sem medo
Que muda, que se muda
Que vai atrás
Que ouve e fala
Que transmite paz
O porto seguro do mundo
O suor e o sexo sem medo
O tesão que não se cabe
A companhia na dor
O abraço apertado
O estar sempre ao seu lado
O na saúde e na doença
O na riqueza e na pobreza
Aquele do que dizem
Até que a morte os separem
Por não existir nada em vida capaz
Sabes do amor?
Desse amor
Pois bem...
Também não.....

domingo, 10 de março de 2019

Aniversário

Eu Disse adeus ninguém ouviu
Acharam mentira, ignoraram
Disse que ia, que era o fim
Não deram bola.
Agora ela senta e senta e chora
Tarde, quando quis falar
E tive que ouvir
Quando quis gritar
E tive que calar
Não importa
Já é é tarde
Já é noite
Já é festa
É a hora
Não importa quem chora
O que importa é e o fim
De tanto drama nascente
E problemas que nunca se acabam
Acabou
Ela não ri, ele canta
Ela chora, ele dança
Tudo findou, sem demora
Já que que as lágrimas secam
A lembrança some
E o vulto apaga
E ele continuará dançando
Mesmo sem ninguém notar.

quinta-feira, 7 de março de 2019

Drama

Entre o vento do norte
O canto sai de mim como arte
Um som de angústia
Um peso no peito
Caminho na noite
As pedras não atrapalham
A dor é costume
A força e coragem
Vem do vento
A tempestade se aproxima
As nuvens são negras
A chuva já cai
O tremor já domina
Me controla
não sei por onde ir
Vago entre vãos e fiascos
De mim o resto
O histórico é dever
A partir daí é fugir
Sem fim, sem mais
Apenas correr
Vamos enfim
Ao contrário de todos
A regra é mudar
A canção e fingir
A paixão e ficar
O odor e de morte
A razão é fingir.

terça-feira, 5 de março de 2019

Esquecer

Não é bem como estar ou permanecer
É sobre ir aos poucos sem perceber
A força que falta te joga na lama
E fé que resta que trás esperança
Um pouco de dor e angústia empregnada
um sonho perdido, outra manhã desgastada
Sorrir nem faz parte do mundo em questão
Mas que aquece o ser em seu apagão
Um dia a mais, ou outro a menos
Mais tempo corrido mas jogo perdido
Batalha diária contra inimigo invisível
Cadê o menino das moedas do chão
Se sobrou foi tão pouco, nem para o pão
Sair do profundo abismo do medo
Rever o que antes criava alegria
Por poucas bobeiras matou a folia
Nem pulo nem festa nem carnaval
O resta é confete molhado no asfalto
Nem venha dizer que e questão de tempo
O relógio parou sem dar satisfação
O bloquinho partiu sem mim
Ninguém percebeu
Pois dentro de mim o carnaval morreu
Assim como o resto que não vem ao caso
Terei que criar algo novo pra cuidar
Uma flor no terraço
Um espinho pra picar
Pra voltar a sentir o que hoje se perde
O sentido de tudo
E o porquê esquecido
No caminho perdido
Que só resta enterrar.....
Só se muda apagando a mente
E esquecendo tudo que se é
Quando o mal é o próprio ser
Ou se acaba com ele ou transforma-se.