quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Cantiga

Antes mesmo de hoje
Havíamos visto o que existe
Temos ciência do erro e persistimos
Fazemos o ciclo sem por instinto
O novo tá lá esperando o motivo
O mesmo não vê mais a hora de partir
Nem quanto o tempo restaura o antigo
Ou no vão que ficou ente ontem e sempre
Meu anjo nem sabe se tem culpa
Meu sonho virou um vício doído
O cravo nem briga, nem espera
A rosa existe apenas na ficção
A dor virou rotina 
E as portas e janelas
Eram metáforas
Prum destino que não vai vir
Me despedaço e ainda ferido
Não acredito em nada mais

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Quase

Dentre tudo que de mal existe
Ainda não bastasse o que o mundo dá
O que trago equivocado e torto
Meu eu que não se basta em afundar
O caos em forma de bem estar 
No mais, apenas outro entretanto
Sem nenhum pudor romântico
Se funde ao pior que possa imaginar
Nem quem é sabe o que é
Eis que o dia acaba preso
A dor do julgamento falho
Escorre a forma de sentir
Mais medo que força de vontade
Um sopro e volto a desistir

quinta-feira, 10 de setembro de 2020

Em breve

Já que o óbvio virou moda
Quantas vezes esbarramos na parede
Rancar a pele de partes frágeis 
Algo momentâneo e subjugado
Como seguir com tal bloqueio
Quando o resto enibe a força 
Talvez meu ponto distorcido
O olhar viciado em drama
Fácil e vulgal de toda noite
Ou tarde que seja
Ou sejamos a ferpa
Que precede a essência
E refaz a tragédia
Mas em instantes decipa 
E ressoa na minha boca
E some em seguida

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

Nem vi

Dia desses percebi
Eu evolui como um jogo
O nível que devia
Não tão abaixo do correto
Perdido que nem achei
Não sonhei com esse assunto
Mas foi onde cheguei
Pois onde andei 
Fez trato com não sei quem
Me deixei como assim
Um nobre irmão do céu
Um inédito passe de alegria
Mas não funciona
O meu desejo é ir almoçar
Correr domingo cedo 
E nunca serei muito grato
Em ter o selo de garantia
O dobro das vezes que caí 
A cor dos dedos ao sangrar 
A dor que sinto em tentar
O medo que o erro traz
Ainda semeio dia calmos
E construo ruas sem saída
Como flores na partida
E beijo o mesmo chão fedido

terça-feira, 1 de setembro de 2020

Idealização

Existe um pouco em mim
Que clama aos poucos
Faz a dose mal preparada
Os caminhos retorcidos 
Meu querido inexistente
Dos olhos que não vejo
Te desejo e não conheço 
Nem no toque  que me intriga
Ou do beijo imaginado 
Um amor que não existe
Os dias que ficaram 
Sombras do que podia
Espelho do que viria
Ansiedade pré concebida
E um fim que se irradia
Pela mente do confuso
Ou nos sonhos de cada dia