domingo, 29 de janeiro de 2017

Merda

Dos dias que sucederem
e dos males o menor
a arrogância da palavra 
e sobre do amor
canto alto
canto baixo
só não digo por favor
tenho sombra
tenho magoas
só não fico no calor
me derreto
me desgasto
sonho pouco
quebro o lápis
beijo espelhos
lavo a mão
mordo os lábios
tenho fome
não seguro a ansiedade
nem catarro na calçada
ponho tênis no armário
e queimo a feijoada
só não sei por onde passo
nem por onde já passei
quero tudo e nada tenho
mais se pá, ainda terei
fogo queima
aguá molha
sonho mata de pouquinho
fiz besteiras 
e certezas
sento o sofro no banquinho
nem rimar
nem parar
continuar sem pensar
ainda paro de escrever
      mas não deixo de cagar.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Morte súbita

Denso, amargo e a por vezes sombrio
de algo tão sutil ao sombreado do infinito
se teus pares entram porta a dentro 
sobra no caminho forasteiro.
Cantiga velha dos meus sonhos, 
pálido ao sobrevoar lençóis de ceda.
E janela a fora vistes campos secos em noite quente,
no que mais soma os teus fantasmas do folclore mal contato.
Quem manda no reflexo e seus conselhos?
Corrente de serpentes ao redor de sua cama
e poucos troncos ao seu lado.
Morte súbita da razão, foste logo ao coração.
Antes sabia que não iria, hoje vai por compaixão.
Mas a quem interessa o ouro,
se a riqueza traz agouro.
Manto quente aos teus pés, fadigado a esperar
Amante oculto da tristeza, 
fiel amor contradição.
Se em tua frente espera a agonia,
não há sorte que faça durar.