terça-feira, 10 de setembro de 2019

Estrada

No caminho dos passos
As luzes que ascendem me cobrem
Não tenho destino mas sou paciente
São tantos os nomes que lembro
Me corto em pedaços e te falo
Não é sobre isso nem sobre mim
Parei de querer por nós dois
Fingir que acredito nem é tão ruim
O foco é outro, o nível subiu
Derramo as gotas de um temporal
Sou carne e pesar
Falei com meus outros
E deixei pra amanhã
Se auto suficiente não sei
As palavras me fogem
E canto sem ritmo
Falando de mágoas que nem sinto
Mas vive em mim
Se te beijar duvide
Eu duvidei
O mundo é frio
E eu a nevasca
Se derreter de novo
Jogue na privada
E nunca me diga
De mais para muitos
E pouco pra eles
Sentir nem faz parte
Correr sempre em frente
E chego aí

Inerte

Chega a hora que o sol já não esquenta
Frita a pele como quem feita um ovo
Antes fosse um sonho maravilhoso
Mas hoje às lacunas não preenchem
Só pelos cantos o frio congela
O arrepio constante se dilacera
Não faço questão de companhia
A vida se faz por mim todo dia
Como quadros a óleo nas ruas expostos
Casais que se abraçam em tons pastéis
Se taco meu fogo me chamam de louco
Se molho as calças sou uma criança
Mas choro nas margens do mesmo rio
que navegam amores em seus olhos
Vai vendo que não sou o mesmo deles
Junção de perigos me cercam a noite
Quem pode passar tão alta barreira
E salvar a alma que sobrou de uma guerra
Os moinhos que girão pro lado oposto
Ao vento que sopra da colina
Me arrumando pra enterrar mais cedo
Outro dia ou mês vai saber
Trabalho sem mérito ou mesmo agora
Se foi como um pombo tocado da vida
Voou sem pra onde saber o destino
Cagou na cabeça de todos abaixo.

Não julgue você de novo
Mas tenha o foco em outro
A porta se abre a poucos
Do lado de dentro na ocupa
De entrada e saída se basta você
Não tenho certeza disso e prossigo
E valsar eu desisto por falta de ritmo
Melhor não ter ido pra nunca voltar
Meus pais não os vi por anos e anos
Me resolvo com isso e desculpa
Floresta adentro me vou no portão
Queria ser dele mas sou de ninguém
Caretas no espelho meu nome segui
Molhei o meu medo e sofri de antemão
Colírio das fotos salvas então
Meu dono amarrou meu cabresto
E não sigo ninguém por demasia clarão
Foi meu e seu nome que surge no fim
Mas produtos de amar não me vem
Mas me leve
Sempre, em vc.