terça-feira, 10 de setembro de 2019

Inerte

Chega a hora que o sol já não esquenta
Frita a pele como quem feita um ovo
Antes fosse um sonho maravilhoso
Mas hoje às lacunas não preenchem
Só pelos cantos o frio congela
O arrepio constante se dilacera
Não faço questão de companhia
A vida se faz por mim todo dia
Como quadros a óleo nas ruas expostos
Casais que se abraçam em tons pastéis
Se taco meu fogo me chamam de louco
Se molho as calças sou uma criança
Mas choro nas margens do mesmo rio
que navegam amores em seus olhos
Vai vendo que não sou o mesmo deles
Junção de perigos me cercam a noite
Quem pode passar tão alta barreira
E salvar a alma que sobrou de uma guerra
Os moinhos que girão pro lado oposto
Ao vento que sopra da colina
Me arrumando pra enterrar mais cedo
Outro dia ou mês vai saber
Trabalho sem mérito ou mesmo agora
Se foi como um pombo tocado da vida
Voou sem pra onde saber o destino
Cagou na cabeça de todos abaixo.

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