sábado, 29 de agosto de 2020

persistência

Como um poema incompleto
De um qualquer da rua
Deuses que gostaria de acreditar
Sentimentos que queria que existissem 
As palavras ditas a noite
Jamais se cumprem no dia 
Nossos planos perfeitos
Pessoas mal feitas
Dores reais
Mesmo que a rima voltasse
Os olhos dele mudaram 
No fim a busca continua
Coisa que falta e fala
Não será contigo e sabia
Me julga no máximo igual
Impróprio pro consumo
Violento desejo torto
Que mata as verdades da alma
E desperta o pior do coração

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

Outro de amor

Mesmo que tenha dito antes
Ainda que eu fosse perfeito
Ainda seria um erro pertencer
Por tantas vezes desmentiu 
Do beijo que mentiu
O corpo que não mente
Foi a dor em mim que te amou
Tentei querer até às vezes
Mas canto em vão essa canção 
O amor não concretizado
Existe ainda que por acaso
Siga em frente ou pela curva
Sobreviva aos detalhes
Eu não sinto mais o perfume
Nem mesmo em ti
Tente não repetir o show
O drama te retém comigo
E amar já nem faz sentido

Miséria

Enfim, onde está a força
Difícil se privar pela manhã
Fazer meados de coisa nenhuma
Viver na medida errada do mundo
Essa luta que não muda
E as dores do reforço
Não tão longe de um fim
Mesmo sendo a cara torta
Queria eu ter dito a ele 
Na saída, no ouvido, na sua mente
Terça era feita pra mentir
Corre para trás como foi ontem
E troca a coisa toda pelo mesmo
Um lixo reciclado e recriando
Podemos marcar mas não fugir
A noite cai pra todos igualmente
E a manhã nunca vem pra acalmar

terça-feira, 25 de agosto de 2020

Formas

A questão do tempo é que ele passa
Faz o agora parecer igual
O presente não servir 
Como quando troco por meias
Metades e fragmentos
Um todo que nunca é suficiente
Um beijo que não regula 
Sobre dobras e vincos
Não fiz nada sobre isso
Mas eu vi os detalhes
Forma de garantir
Um processo detalhado
Força meio desnecessária
O lance que tivemos 
E dores moídas
Meu coma perdido 
Nem que pudesse ficar
A mais pura das verdades
Dengoso por derrota
E justo por memória

domingo, 16 de agosto de 2020

Desaniversário

Joguei na sorte e ouvi das cartas
Seria mais do que já fui
Destreza vem e vai num momento
Por contas que se acumulam no sobrado
Foi quem viu em meio a nuvem 
O mal olhado do julgado 
Compro ainda por costume 
Vivo em doses de centavos 
Nem sei mais pra onde correr
O passado foi mudado
Como quando eu desisti 
Ou no ano inteiro apagado 
Só cabe a ele resolver
Dar margem ao lado todo errado
Cair em cima da areia
Soprar velinhas ao contrário

sexta-feira, 14 de agosto de 2020

sonhei

As vezes a falta de, ou mesmo a pressão
O colorido das tardes que não mudam
E meus desejos esmagados pelo sol

Fonte de tristeza e harmonia
Um som mal dado pelas cordas
E a dor das horas pouco usadas

As mesmas dores se comprimem
Como forças inerentes ao meu ser
Enfim marcando seu propósito

Nem que eu, ser que conta
Horas vivem na sombra das vistas
Não se movem como deveriam

Mas me faço companhia
Só que não me respondeu
Fui dormir e acordei agora

quarta-feira, 12 de agosto de 2020

Fonte de tudo

Depois, quando tudo acaba
Sabemos quem fomos 
E das fraquezas que temos 
A possibilidade inesgotável
Um destino miserável
A repetição por rotina 
Sem medida ou propósito
Um caminho escolhido
Um renorto aguardado
Mas sem querer desistimos 
No início da pista
No ardor da corrida
Contando os buracos 
Sem pensar mais um pouco
Empresto meus olhos 
E um pouco do senso 
O que falta em caráter
Mas sobra em desprezo

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Moribundo

Foi assim, apenas o mesmo 
Não precisa entrar pela porta
Nem sempre esteve fora
São milhões de incógnitas desnecessárias
Se parte de mim for assim
Que a a obra seja feita
A cicatriz não dói tanto quanto a cura
O pior de quem nem vê o mundo
Capacidade infinita e disposição nula
Caminha assim os dias
Das coisas que não faço
Do projeto inacabado 
E falta de propósito
Sente se enfim
E veja o ato final 
Desfecho como todos
Apenas um descaso

sábado, 8 de agosto de 2020

Ponto de vista

Pense em um lugar lindo
Veja tudo que te agrada
Perceba que tudo é fútil
Refaça a si mesmo
Me veja no espelho 
Recuse imitações enfadonhas
Meus dedos ainda fazem bem
Tanto quanto foi um devaneio
O meu desejo fraturado
Joga damas com o meu medo
Fazendo parte de si mesmo
Corando partes de outros seres
Matando sonhos de outrora
Querendo força pra segurar
Mas não tentando se provar
Com doses fracas de agonia
E litros de álcool destilado
Tronco fácil de serrar
Semente impossível de brotar
Onde falta só o básico
Mas se farta de propósito