quinta-feira, 21 de abril de 2016

Canção francesa

O que muda quando o corpo entorna
a pele solta e as palavras esfriam
Julgar os centimetros entre minha boca e a sua
como fardo que nunca se encosta
Um tormento viver em camas limpas
e sonhar no meu canto
Queira cantar comigo e não para outros o que alegra
e sai da corda bamba pra não cair na estrada velha
Tínhamos  um todo guardado e um tudo sem uso
e nada foi resolvido a não ser por um muro
Passo a passo de um sossego sem rumo
Palheta borrada e um pouco de húmus
Fiquei na balada da batida de fundo
Olhos que não reconheço
Toque que não reconheço
Beijo que não reconheço
Vejo que não te conheço.
Anda do lado de fora da porta sem nome
meu pé já dorme sem força nos dedos
Sentei na calçada pra ver passar a carroça
Pensei que o amor viria nas costas
do jeito que era quando eu ria nas cocegas
Não veio, nem tinha a intenção de ficar
passou no chicote e levou o ar
sobrou meus destroços como prato quebrado.
Subi no ônibus pra não mais voltar
olhei pra trás e perdi meu relógio
Notei que mesmo quebrado ainda estava a girar
tempo não se perde mais continua a passar.
De punhado em punhado terei no passado lembranças para amar.

Nenhum comentário: