segunda-feira, 1 de abril de 2019

Seco

Eu colho a tempestade que já plantei
Faço de ouro a coroa de um rei
Sempre no vago um vazio sem fim
O dorso da dobra me faz não sorrir
Juntos quem somos, um nada a vagar
Nem era de longe um caso a velar
Só entre paredes que nem ficção
Amante da dor, um furo na mão
Apenas comigo o luar não tem cor
O sol não esquenta, me resta o rancor
Logo me sinto um nada em escala
Ele me cobra um amor que me abala
No valor das palavras eu durmo cedo
Me apago do mundo, me desfecho
Calma entre os dedos mas berra as palavras
Jogado ao vento em meio ao nada
Não vejo outra escolha o fim é assim
Aceito o destino e acabo sozinho
Melhor do que a mágoa
Melhor que ferir
Se sou uma falha
Melhor nem seguir
Tem algo no peito, e leva pra vida
É a forma de ser de quem escolheu
Um galho mais seco
Uma parte morreu

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